Busca pela coexistência

ONTÁRIO, CANADÁ. A Goldcorp está desenvolvendo a primeira mina subterrânea totalmente elétrica do mundo, um projeto ambicioso com o qual a empresa espera ajudar a inspirar a mudança na indústria para uma mineração mais sustentável.

Esse não é o melhor lugar para se construir uma mina. O projeto Borden Lake, da Goldcorp, fica ao sul da reserva Chapleau Crown Game Preserve, em Otário, Canadá, a maior do mundo com 700 mil hectares. A entrada fica perto de um lago intocado, pelo qual a mina foi nomeada, repleto de peixes nas primaveras. Parte da área de mineração que a Goldcorp vai explorar fica abaixo do lago, cuja água é sagrada para as quatro antigas comunidades que povoam a área. Não é surpresa, então, que o gerente de Projeto da Borden, Luc Joncas, use palavras como “invisível” e “silencioso” ao descrever os objetivos de desenvolvimento da primeira mina da região. “A mineração é nova nessa área, por isso é essencial construir uma mina sustentável”, destaca Joncas. “Queremos ser aceitos pelos vizinhos. Pelas comunidades antigas que vivem nas redondezas e pelos moradores da região.”

<p>Maarten van Koppen, gerente de Projeto na Goldcorp.</p>

Maarten van Koppen, gerente de Projeto na Goldcorp.

O engenheiro de Projetos da Goldcorp Maarten Van Koppen elaborou os estudos de pré-viabilidade da Borden e toda a engenharia associada a eles. Sabíamos que tínhamos que criar uma mina em estreita colaboração e coexistência com os stakeholders locais”, explica. “Era muito importante minimizar todas as fontes de emissão, seja ruído, poeira ou outros poluentes. As opções elétricas ajudaram a alcançar esses objetivos.” A Goldcorp projetou a mina Borden Lake para ser a primeira mina subterrânea totalmente elétrica do mundo quando atingir a produção comercial no ano que vem, um empreendimento que a empresa espera não só ajudar a minimizar o impacto ambiental e na comunidade, mas também melhorar a saúde e a segurança dos colaboradores – ao mesmo tempo em que impulsiona os resultados da Goldcorp. John Mullally, diretor de Assuntos Governamentais e Energia da Goldcorp, considera essencial a mudança para práticas de mineração mais limpas e sustentáveis.

“Há muitas expectativas sociais e mudanças de opinião sobre aspectos como mudança climática”, diz Mullally. “Para que sejamos uma empresa moderna, temos que tentar caminhar no mesmo ritmo das mudanças na sociedade, então eu acho que a energia como um todo, especificamente as mudanças climáticas e a mitigação dos nossos impactos no clima, se tornou um grande foco nos últimos cinco anos na Goldcorp. Estamos mudando a cultura dentro da empresa e queremos encorajar mudanças em toda a indústria.”

Quando a Borden estiver em plena produção, não haverá equipamentos a diesel no subsolo. Toda a frota será constituída por equipamentos que combinam alimentação por corrente e baterias de carga rápida. “Os avanços da tecnologia de baterias realmente nos permitem ser totalmente elétricos”, conta Joncas. “Não só planejamos provar para a indústria que é possível, mas estamos interessados em provar que será rentável e trará ainda mais valor aos nossos stakeholders do que uma mina convencional. Acreditamos que usar a energia elétrica na Borden faz sentido econômica, ambiental e socialmente.” AO ELIMINAR O diesel subterrâneo e usar somente a energia elétrica na Borden, a Goldcorp antecipa uma redução de 70% nos gases de efeito estufa, economizando 2 milhões de litros de diesel e 1 milhão de litros de propano ao ano. A empresa também espera economizar 35 mil MWh de energia por ano, devido em grande parte à redução drástica das necessidades de ventilação.

<p>John Mullally, diretor de Assuntos Governamentais e Energia da Goldcorp.</p>

John Mullally, diretor de Assuntos Governamentais e Energia da Goldcorp.

“O uso de energia elétrica é muito vantajoso, especialmente quando vem acompanhado por inovações como ventilação por demanda e conectividade total”, afirma van Koppen. “Os principais benefícios que vemos com a mina elétrica são certamente a eliminação de combustível, manutenção reduzida, menos gases de efeito estufa, redução no consumo de energia e, claro, o maior: a eliminação de partículas de diesel em ambientes subterrâneos, o que é extremamente benéfico para a saúde dos colaboradores.

<p>Randy Harrison, operador do jumbo.</p>

Randy Harrison, operador do jumbo.

“Conseguimos eliminar o aumento de retorno e de consumo de ar. Pudemos reduzir o diâmetro de cinco para quatro metros, por isso há grandes economias se você as configurar desde o início.” O operador Randy Harrison aprova a ausência de emissões subterrâneas na Borden, depois de trabalhar em minas convencionais que usam diesel nos quatro continentes, desde 1980. “Aqui não é como nenhum outro ambiente subterrâneo em que eu já trabalhei”, destaca Harrison. “O ar é muito fresco.” Ele comanda uma das duas unidades do Sandvik DD422iE, das quais a Goldcorp depende para desenvolver a rampa de acesso da Borden. “O setup do computador e a precisão que você obtém na face são inigualáveis. O melhor jumbo de todos”, diz Harrison, que opera equipamentos de desenvolvimento desde 1989. “Os da Sandvik são meus preferidos desde o primeiro dia que comecei a operá-los.”

Joncas chama o jumbo de “a estrela da frota”. “Ele permite melhor precisão, mais controle e consistência para a equipe. Permite, também, um local de trabalho mais seguro para todos. Começamos com uma face pura e com praticamente zero bootlegs. Gerenciamos melhor o perfil e temos menos sobreescavação. Isso nos permite otimizar o padrão de perfuração. Nossos furos têm maior qualidade.” O SANDVIK DD422iE está conectado à rede da Borden enquanto perfura, e assim recarrega a bateria que usa para manobrar entre as faces.

Goldcorp

A Goldcorp é a maior produtora de ouro focada em práticas sustentáveis de mineração com produção de baixo custo em um portfólio de minas de alta qualidade nas Américas. Empresa canadense sediada em Vancouver, British Columbia, a Goldcorp emprega mais de 15 mil pessoas em todo o mundo e está empenhada em ser pioneira em responsabilidade com o meio ambiente e na manutenção dos mais altos padrões de saúde e segurança.

“Nós achamos o conceito de carregar enquanto perfura excelente, algo que seria potencialmente muito valioso em outros equipamentos no futuro”, diz Joncas. “Fiquei impressionado porque o jumbo utiliza múltiplos padrões de tensões. Tivemos um treinamento em uma mina com padrão de 600 volts e o jumbo funciona igualmente bem na rede de 1.000 volts daqui.” A tecnologia de bateria totalmente integrada implica em zero trocas, um benefício de segurança e produtividade, de acordo com Joncas. Ele também cita o sistema de freios regenerativo como vantagem e diz que a transmissão elétrica do Sandvik DD422iE facilita muito a manutenção, quando comparado aos jumbos convencionais.

“Uma coisa que nos atraiu muito quando compramos a frota foi o fato de muitos componentes mecânicos terem sido removidos”, acrescenta Joncas. “Não há mais motores a diesel, nem trocas de óleo a serem feitas.”

A GOLDCORP comprou a Borden de uma pequena empresa por US$ 526 milhões em 2015. Com as atuais reservas de ouro de 950 mil onças, a operação calcula mais de 100 mil onças anuais ao longo de ao menos sete anos. “Estamos confiantes de que a nossa exploração estenderá esse período”, diz Joncas. “Quanto maior a vida útil da mina, mais rentáveis serão nossos investimentos iniciais em uma frota totalmente elétrica.” O minério será transportado por 160 km até Timmins para processamento no moinho Dome, nas minas de ouro Porcupine, da Goldcorp. “Usar uma instalação existente que opera de forma extremamente eficiente e não ter que obter permissões e construir um novo moinho e instalações de resíduos minimiza nossos custos e nosso impacto ambiental”, destaca. Em meados de 2017, a construção da Borden entrou na fase final, e uma amostra de 30 mil toneladas deve ser extraída e analisada até o final do ano, com a produção prevista para começar em 2019.

Projeto Borden Lake

O projeto de ouro Borden Lake está sendo desenvolvido como a primeira mina subterrânea totalmente elétrica do mundo. Em meados de 2017, a construção entrou na parte de finalização e espera-se que uma amostra de 30 mil toneladas seja extraída e analisada até o final do ano, com produção esperada para 2019. Localizada em Ontário, a aproximadamente 11 km de Chapleau e a 160 km de Timmins, Borden Lake tem reservas de ouro de 950 mil onças e faz parte do plano da Goldcorp de aumentar a produção em 20% até 2021. Ao eliminar o diesel subterrâneo e tornar Borden totalmente elétrica, a Goldcorp antecipa uma redução de 70% nos gases de efeito estufa e economiza anualmente 2 milhões de litros de diesel, 1 milhão de litros de propano e 35 mil MWh de eletricidade.

“Nós acreditamos que a Borden será um ótimo teste para provar que existem enormes benefícios financeiros e ambientais com a adoção de tecnologia mais limpa”, conta Mullally. “É realmente empolgante fazer parte disso. Quando outras empresas perceberem que funciona, esperamos ver uma adoção em larga escala em toda a indústria de mineração.”

Sandvik DD422iE

O Sandvik DD422iE é um jumbo elétrico de desenvolvimento projetado para diminuir os custos de produção, reduzindo os impactos ambientais da perfuração e da abertura de túneis. Utilizando a energia elétrica de uma bateria durante o deslocamento, o Sandvik DD422iE produz zero emissões ao manobrar. Isso melhora a saúde e a segurança dos colaboradores que ficam no subsolo. Menos consumo, graças à perfuração livre de diesel, pode aliviar as demandas de ventilação, ao mesmo tempo em que reduz as despesas associadas à logística e manutenção. Usando uma infraestrutura elétrica existente na mina, a tecnologia de transmissão Sandvik permite que a bateria recarregue durante o ciclo de perfuração. A bateria recarrega até quando o Sandvik DD422iE estiver em declive, usando a energia gerada pelo sistema de freios.