E-business: facilidade nos negõcios

E-business: facilidade nos negõcios

Desenvolvendo o e-business. Comprar livros ou pacotes de viagens online pode ser corriqueiro para a maioria de nós, mas para algumas grandes indústrias, normalmente mais resistentes a mudanças, o surgimento do e-business ainda é um universo a ser explorado.

IMAGINE A CENA. Estamos em 1998. Você é o respon­sável pelos trabalhos em uma mina na Austrália, e durante a madrugada uma peça do rompedor apresenta defeito. Sem sobressalente, a solução é telefonar para o fornecedor, deixar mensagem e esperar o dia amanhecer e alguém chegar ao escritório para ouvir seu recado, encontrar a peça e cuidar dos procedimentos de envio. Depois, rezar para que ela seja enviada sem que percam muitos dias com logística e processamento do pagamento. Agora, avance 13 anos. Com seu laptop à mão, a nova peça encontra-se a apenas um clique e, com sorte, pode estar disponível já no turno da manhã. Eis o poder do e-business.

Ferramentas que ajudam

A Sandvik emprega o e-business em larga escala, fornecendo uma vasta gama de produtos tanto por via direta como por mercados eletrônicos, dependendo da região e do tamanho do mercado local. Para aprimorar o processamento dos pedidos online, levando a um aumento da produtividade do cliente, a Sandvik inaugurou em 2008 o canal @YourService.

“A tendência global é que os clientes façam de tudo para racionalizar e automatizar o gerenciamento de pedidos”, afirma Håkan Olsson, gerente de e-business da Sandvik. “O @YourService põe à disposição do cliente todas as ferramentas necessárias para ajudá-lo. Trata-se de um canal integrado de vendas de equipamentos para mineração e construção, peças sobressalentes e consumíveis.”

O sistema pode ser acessado pela internet ou por conexão direta à Sandvik, e oferece informações instantâneas e atualizadas sobre preço e disponibilidade dos produtos, bem como catálogos, manuais e documentação em geral, tanto de ordem técnica quanto comercial. O sistema também permite ao cliente monitorar facilmente seu histórico de pedidos, o que contribui para um melhor planejamento das aquisições futuras.

“Comprar online é o futuro, e desenvolveremos nosso sistema continuamente para oferecer um serviço cada vez melhor”, resume Debbie Kemp, gerente de e-business da Sandvik para a Europa. “Para nós, é fundamental fazer com que nossas soluções de e-business atendam companhias de mineração no mundo inteiro.”
(Fontes: Sandvik UK, Dragon Mining, Quadrem, UK Coal)

O QUE É E-BUSINESS, E POR QUE ELE É NECESSÁRIO? É mais que comprar e vender pela internet. Entre outros aspectos, cobre toda a gestão do fluxo de informações de cadeias logísticas entre fornecedores e  clientes, passando por contatos via e-mail, comércio eletrônico, recebimento de pedidos, comunicação internacional e suporte. Os dois lados envolvidos na transação se beneficiam da transparência e do potencial de melhorar custos e eficiência. “Não importa o ramo: sempre há gastos com pessoal passíveis de redução nos processos de recebimento de pedidos, compra e entrega”, afirma Ilpo Makinen, consultor e gerente de mineração da Dragon Mining, na Suécia. “E isso acaba gerando uma vantagem indireta na eficiência dos processos, pois o menor número de pessoas na cadeia diminui a probabilidade de equívocos por falhas de comunicação.”

Nos setores de mineração e construção, se você é um cliente com demanda constante de pequenas peças e pensa em ingressar no mundo do e-business, há duas alternativas.

Uma é lidar diretamente com o fornecedor, através de um sistema tão simples como o e-mail.As transações têm caráter pessoal e informal, e não exigem muita infra­estrutura.

Por outro lado, empresas maiores envolvem análises de custo-benefício mais complexas. Se você é responsável por uma companhia de mineração internacional, cujos fornecedores estão em outros continentes, pode ser necessário contar com um departamento de Tecnologia da Informação em tempo integral, que disponha de uma equipe capaz de lidar tanto com mercados eletrônicos quanto com compras diretas. Mas isso pode ser complicado se sua empresa é grande para atuar sem e-business, porém não o bastante para comportar um departamento de TI. Nesse caso, uma opção seria ingressar em um mercado eletrônico virtual. Outra vantagem seria a oportunidade de estar em contato com diversos fornecedores, com uma maior oferta de produtos e preços. O mais destacado dos mercados eletrônicos para indústrias de recursos naturais é o Quadrem, onde se encontra desde um microparafuso até um equipamento de construção completo.

Criado em 2000, conta com mais de 70 mil fornecedores em mais de 40 países, e registrou em 2010 um volume de transações de 30 bilhões de dólares.Entre seus acionistas estão algumas das maiores empresas de mineração: Anglo American, Alcoa, Rio Tinto, Barrick, DeBeers, BHP Billiton, Codelco, Votorantim, Newmont, Penoles e Vale. A plataforma comum abrange sistemas de e-business voltados para a mineração na África, nas Américas, na Europa e na Australásia.

Ambas as alternativas apresentam vantagens e desvantagens. O método do contato direto ainda é visto como um fator de fortalecimento de vínculos. A importância do contato humano é algo muito difundido nesse ramo, em que muitos se gabam de fazer negócios “à moda antiga”. O e-business pode estar crescendo, mas, em muitos casos, o mesmo cliente que busca uma peça ou  serviço online continua a querer que a transação seja concretizada pessoalmente.

EM UM MERCADO ELETRÔNICO, um cliente pode atingir grande número de potenciais fornecedores e obter preços favoráveis, sem precisar repetir o mesmo processo para cada potencial fornecedor.

“A digitalização acabou nivelando as empresas, independentemente de tamanho e origem”, afirma Chris Haydon, vice-presidente sênior de marketing e soluções globais da Quadrem. A escala de penetração da internet faz com que uma pequena empresa sediada em algum rincão distante possa, em princípio, fornecer um produto ou serviço com a mesma facilidade de um conglomerado multinacional. Sob esse aspecto, a internet se transformou em uma niveladora global de empresas.

Além disso, responsáveis por minas como o nosso hipotético profissional da Austrália têm a vantagem de obter produtos e serviços em um prazo mínimo. A disponibilidade de peças de reposição e manutenção desempenha um papel fundamental no processo produtivo, de modo que qualquer expediente capaz de desobstruir gargalos da cadeia logística é de grande valia.

Ilpo Makinen concorda. “Em uma mina, as principais diferenças notadas com o uso do e-business estão na velocidade e na eficiência. Ficou mais fácil monitorar o fluxo de caixa e ter uma noção mais exata dos níveis de estoque e das necessidades. Durante um projeto de perfuração, por exemplo, é fundamental ter acesso a dados atualizados. Um fluxo constante de informações é capaz de fornecer uma visão clara da produtividade e dos pontos que requerem maior eficiência. O mesmo vale para as tarefas de carregamento e transporte. O e-business aumentou a rapidez, a simplicidade e a eficiência da operação em relação aos custos.”

Visibilidade – ou a ausência dela – é uma preocupação em empresas de mineração empresas de mineração. Nick Barker, gerente de compras sênior da UK Coal, explica: “Para nós, a vantagem do e-business é que, se sabemos onde se encontram nossas peças em estoque, quantas estão disponíveis e quando podemos recebê-las, todo o planejamento fica mais simples. Isso nos ajuda com os pedidos e, provavelmente, significará também economia no longo prazo.”

O percurso não é fácil. Há dois tipos de obstáculos: os de natureza tecnológica e os relativos à mudança de hábitos. Algumas mineradoras, cujo pessoal nunca se aventurava além dos e-mails, relataram problemas de adaptação aos novos sistemas de informática, além dos problemas mais comuns relacionados ao trabalho em um ambiente tecnológico diferente.

Muitas minas se localizam em regiões distantes, onde o próprio acesso à internet já é complicado. Ainda assim, mesmo quando há acesso, persistem as dificuldades de aprendizagem.

Além disso, a perda do contato humano pode ser problemático. Um receio comum é o de que clientes não queiram comprar de quem não conhecem. Quebrar o hábito arraigado dos métodos de negócios tradicionais é difícil, porém exatamente aí estão o desafio e a oportunidade, segundo Haydon, da Quadrem.

“Na verdade, o e-business pode melhorar a relação entre as partes”, afirma. “Ele lhe dá a oportunidade de, como fornecedor, se tornar parte do canal escolhido por seu cliente. Além do mais, pode abrir novos potenciais canais de venda, aumentando a confiabilidade e a pontualidade dos pagamentos. A cadeia como um todo se torna mais eficiente.”

O setor de mineração pode não ter sido o primeiro nem o mais veloz a perceber as vantagens do e-business e a adotá-lo, porém, através de uma lenta integração, irá colher seus benefícios no longo prazo. A evolução tecnológica é algo difícil de prever, mas ela continuará em grande velocidade.

“Em que pé estarão os avanços tecnológicos daqui a cinco anos?”, indaga Haydon. “Ainda falta muito para que todos os fornecedores estejam eletronicamente conectados a seus clientes, mas essa lacuna vem diminuindo.”

Enquanto isso, voltando à Austrália, o turno da manhã se inicia pronto para o trabalho, sem se dar conta do que foi feito durante a madrugada para manter a produção a todo vapor.

Texto: Geoff Mortimore