Do lado seguro

A automação está tomando conta da mineração, permitindo aplicações cada vez mais produtivas. Como as normas de segurança podem acompanhá-la?

A automação é cada vez mais importante na mineração, ajudando a melhorar a produtividade e a reduzir os custos de manutenção. No entanto, a complexidade das tecnologias e a velocidade das evoluções tornam difícil estabelecer normas regulamentadoras de segurança.

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Marcus Punch, especialista em segurança funcional.

“Embora a automação exista há muito tempo no setor automotivo, na mineração ela é relativamente nova”, conta o especialista em segurança funcional Marcus Punch.

“A mineração pode ser muito mais complexa do que outras indústrias. Então, uma abordagem genérica é mais adequada. Existem diferentes técnicas para carvão, cobre e ouro, por exemplo. Há também diferenças culturais em jogo. Uma mineradora precisa descobrir o que funciona em cada região”, acrescenta.

Em busca das regras de segurança

Garantir a segurança de todos os usuários de equipamentos e a preservação do meio ambiente é prioridade para a Sandvik Mining. Novas técnicas de automação criam desafios e exigem trabalho de diversos stakeholders. Com a tecnologia se desenvolvendo de forma cada vez rápida e  complexa, torna-se difícil manter as normas de segurança atualizadas. Atualmente, não há normas disponíveis para a automação na mineraç ão.

your mine“As normas são normalmente criadas com base no que é conhecido e aceito como ‘melhores práticas’   da indústria, e leva tempo para a tecnologia amadurecer,  se tornar amplamente utilizada e ser classificada como tecnologia comprovada na mineração”, afirma Ashleigh Braddock, vice-presidente de desenvolvimento e segurança, automação e tecnologia da Sandvik Mining. “O ritmo de mudança destas tecnologias é normalmente muito maior do que a legislação consegue acompanhar.”

A Sandvik Mining está determinada e persistente em seus esforços para melhorar a segurança em todos os processos e ambientes de trabalho. “Um grupo de trabalho foi formado em 2007 para criar uma norma da Organização Internacional de Normalização (ISO)”, conta Braddock. “Todos os principais OEMs que fornecem equipamentos autônomos participam. No entanto, ainda está em andamento e é improvável que resulte em uma norma finalizada antes de 2015.”

Na falta de uma específica, a Sandvik Mining usa as normas de segurança funcionais IEC 61508, IEC 62061 e ISO 13849, que são utilizadas para cumprir as legislações australiana e europeia na concepção de sistemas eletrônicos programáveis relacionados à segurança. “A Sandvik é única na oferta de produtos de automação, pois projetamos as peças do sistema relacionadas à segurança, como o Sistema de Controle de Acesso desta norma”, diz Braddock.

O Sistema de Controle de Acesso isola a região autônoma da área de segurança onde as pessoas se encontram usando barreiras duplas de luz que são armadas antes que o sistema possa ser iniciado. Se elas são obstruídas durante a operação por uma máquina ou pedestre, os equipamentos nessa área param, impedindo qualquer contato possível entre a máquina autônoma e o ser humano.

Evolução das normas
Cada aplicação precisa de seus próprios requisitos de segurança, ao invés de uma solução para toda automação. Punch acredita que as normas evoluirão à medida que a tecnologia de automação da mineração se desenvolve.

Como especialista em segurança funcional, Punch trabalha em estreita colaboração com diversas mineradoras. “Eu guio integradores de sistemas e pessoas que utilizam equipamentos por meio da terminologia e dos inúmeros requisitos de várias normas de segurança de máquinas e funcionais”, conta.

Estruturas padronizadas
A segurança Funcional dita o processo pelo qual os perigos são identificados e controlados, o que depende de um sistema eletrônico. Há uma série de normas, mas Punch afirma que nenhuma delas fornece uma estrutura de segurança autônoma para todas as aplicações industriais. Para projetos complexos, como a automação, uma mistura de normas pode ter que ser aplicada.

Devido ao aumento do uso da automação em minas da Austrália e da falta de regulação sobre essa tecnologia relativamente nova, um grupo de trabalho foi formado, facilitado pelo Departamento de Minas do país. Em um relatório, o grupo informa que, como a automação não é regulamentada, os incidentes não são relatados pelo processo referente a incidentes com equipamento normal ou relacionados com minas. Para ter uma regulamentação melhor, o grupo reuniu estes incidentes em um só lugar.

O conselho de Punch é usar estruturas, enquanto as normas regulamentadoras de segurança são desenvolvidas. “A segurança funcional oferece uma estrutura baseada nos riscos”, explica. “A automação na mineração ainda é uma tecnologia relativamente nova, e também há grandes diferenças entre os países e entre cada mina. Portanto, é mais fácil usar uma estrutura, e cada mina define os detalhes. Uma estrutura geral pode ser desenvolvida e ajustada para cada aplicação.”

Conhecimento é a chave
O foco principal, quando as normas de segurança são desenvolvidas, é o conhecimento. “Os gerentes de projeto e engenheiros são muito instruídos e sabem o que precisa ser feito”, diz Punch. “Mas esse conhecimento precisa ser compartilhado com a alta gestão para obter o orçamento e o nível de prioridade corretos. Coisas importantes serão negligenciadas no processo se quem toma decisão não tem certeza do que é necessário. Você não pode criar normas que não funcionam para as pessoas que operam os sistemas automatizados.”

Texto: Anne Margrethe Mannerfelt  Foto: Minco photography