Onde natureza e indústria se encontram

Chelopech, Bulgária.Em menos de uma década, uma mina ultrapassada e que apresentava riscos de saúde e segurança no coração da Bulgária transformou-se em um modelo de operação subterrânea. Um programa de modernização com base nos mais recentes processos e tecnologias ajudou a Chelopech a triplicar a produção.

A mineração da Bulgária

A mineração foi um setor significativo na Bulgária comunista, o que criou uma força de trabalho bem qualificada. No entanto, o segmento vem perdendo força desde então. Muitas reservas estão subaproveitadas devido ao baixo financiamento e à falta de equipamentos modernos. Ainda assim, a indústria hoje está estimada em 760 milhões de dólares e emprega cerca de 120 mil pessoas, o que a coloca como uma das principais fontes de receitas de exportação e de suporte ao crescimento econômico do país.

A Bulgária tem jazidas de ferro, manganês, minério, carvão, chumbo, zinco e ouro. Vários minerais são extraídos comercialmente, e 80% da mineração é feita por exploração a céu aberto.

Como um cartão postal, a mina de ouro e cobre Chelopech está situada ao pé da cordilheira dos Bálcãs, em um aprazível vale cercado por colinas, florestas e uma linda vista para um pequeno lago. Na entrada, jardins sem nenhum vestígio de fumaça e quase sem ruído. Os colaboradores ganham o dobro do salário médio da Bulgária e os equipamentos antigos deram lugar a modelos mais modernos. Rigorosos procedimentos de saúde e segurança também foram implementados.

A realidade atual começou a ser construída em 2003, quando a empresa canadense Dundee Precious Metals (DPM) adquiriu a mina. A DPM melhorou a eficiência e a transformou em uma das minas mais modernas do mundo, aumentando a produção de minério para dois milhões de toneladas anuais.

“A Dundee Precious Metals acredita que, para conseguir sucesso no ramo, uma empresa relativamente pequena precisa inovar e buscar melhores maneiras de atuar”, afirma Nikolay Hristov, gerente geral da mina. “Na Chelopech, nós dissemos que faríamos todo o possível para obter sucesso.”

A herança burocrática do regime comunista e os desafios impostos pela entrada da Bulgária na União Europeia, em 2007, dificultavam a implementação dos planos de melhorias. Pelo lado operacional, o problema era encontrar mercado para um cobre com alto teor de arsênio. Desde 2010, o concentrado do minério é enviado para uma unidade de beneficiamento da DPM na Namíbia.

Para começar, a equipe responsável pela transformação estudou as mais modernas tecnologias do mercado e como elas poderiam ser adaptadas para o ambiente de operação subterrânea. Alta tecnologia e relatórios em tempo real otimizariam as operações.

O primeiro passo foi a instalação, em 2009, de uma rede sem fio por toda a mina. Com isso, tornou-se possível rastrear pessoas e veículos, o que aumentou a eficiência e a segurança.

“A partir de então, pudemos nos dedicar a pensar como conectar equipamentos e pessoas e realizar comunicação de voz e transferência de dados”, conta Hristov.

“Este foi o momento da chegada da Sandvik e de outros parceiros”, lembra. “Tínhamos uma grande meta e precisávamos de parceiros com o mesmo apetite para desafios e gosto pela eficiência. A Sandvik nos ajudou a realizar auditorias e identificar as necessidades de uma mina moderna.”

“Nossa mina estava muito ultrapassada e foi preciso modernizá-la. Isto quer dizer tudo: confiabilidade e disponibilidade das máquinas, otimização dos sistemas e até a nossa comunicação, o que poderia ser um desafio, já que a indústria de mineração tende a trabalhar de forma segmentada.”

Operação: Modernização

Em 2006, a Sandvik instalou uma oficina na mina para oferecer um serviço mais rápido e flexível para atender os planos ambiciosos de modernização e crescimento da Chelopech. Cerca de 70% de todos os equipamentos de mineração da mina são fornecidos pela Sandvik.

Frota móvel: A Sandvik fornece quase toda a frota de mineração da mina: sete caminhões subterrâneos de 50 toneladas, sete LHDs, quatro perfuratrizes de produção solo e três perfuratrizes de desenvolvimento AXERA d07.
Contrato de Serviço: Desde 2004, o contrato abrange benchmarking, transferência de conhecimento e disponibilidade de estoque.
Equipamentos fixos: Em 2012 foram instalados um novo britador no subsolo e uma correia transportadora de quatro km de extensão, todos da Sandvik. Roletes e máquinas de corte também estão incluídos.
Softwares e sistemas automatizados: O sistema de monitoramento remoto OptiMine da Sandvik foi instalado em todos os caminhões e LHDs em 2012. Isso permite o fluxo e o armazenamento de todos os dados, tornando-os acessíveis para outras aplicações, além de tornar possível a apresentação de relatórios. A solução InSite da parceira Geovia foi escolhida para a gestão da produção. Trata-se de uma plataforma para relatórios de produção e análises, bem como para a gestão e monitoramento de turnos (Sistema de Controle e Monitoramento Central para a mina).

O passo seguinte foi mudar a mentalidade sobre planejamento. “Tivemos que convencer a todos de que em uma mina é possível planejar e programar tudo, até a tarefa mais simples”, conta.

O sistema de manuseio de materiais era antigo e incapaz de lidar com o aumento da produção. Um novo sistema de britagem foi instalado no subsolo em 2012 para processar dois milhões de toneladas de material por ano. No mesmo ano, foi introduzida uma correia transportadora de quatro quilômetros de extensão. Ela corre ao longo do segundo declínio da mina Chelopech e transporta o material britado para a superfície. Ambos foram fornecidos pela Sandvik.

Ao percorrer dois quilômetros na mina, fica claro o que o CEO da DPM, Rick Howes, quis dizer quando afirmou que a empresa estava “removendo a tampa”, expressão que indica o empenho em tornar as operações subterrâneas tão bem controladas quanto as de céu aberto. Quase toda a mina é uma área de segurança dotada de rede sem fio, e o sistema de ventilação controlado remotamente garante um bom ambiente de trabalho. Os equipamentos de ponta trazem ainda mais segurança e conforto para os operadores. Além disso, tudo é devidamente assinalado, mostrando que a mina é exemplo de gestão e organização.

A equipe da Chelopech percebeu que não poderia alcançar os seus objetivos sozinha. “Acreditamos nas parceria”, diz Hristov. “Você tem que ser capaz de dizer ao seu parceiro: ‘Olha, esse é o meu problema’ e ser ouvido por ele. A Sandvik acreditou em nosso objetivo e quis nos ajudar. Realmente damos valor a isso.”

Como a Sandvik já havia fornecido todos os veículos utilizados na mina, equipá-los com os sistemas OptiMine e InSite (da parceira Geovia) foi o caminho mais lógico.

Há dez anos na Chelopech, o operador de caminhão Georgi Slavchev diz que seu trabalho melhorou muito desde a adoção do novo software. “Prefiro esta forma de trabalhar. É bem menos burocrática.”

Ao invés de registrar seu trabalho em papel ao final de cada turno, ele agora acessa o sistema em seu caminhão, completa suas tarefas eletronicamente em tempo real e desconecta do sistema ao final do expediente. Os resultados são enviados imediatamente à sala de controle.

Georgi Atanasov, supervisor de equipamentos móveis subterrâneos, trabalha para a Chelopech e para a Sandvik. Ele diz que seu principal desafio é evitar surpresas e melhorar as manutenções de rotina.

“Com o OptiMine podemos verificar a condição técnica do equipamento. Por exemplo, ele emite um alerta de superaquecimento, um problema comum, o que significa que podemos identificá-lo e solucioná-lo antes que piore.”

A integração dos sistemas era fundamental. “Integramos os sistemas relevantes para que as informações corretas possam chegar às pessoas certas no momento certo”, diz Anna Ivanova, diretora de sistemas de negócios da Dundee Precious Metals. “Nós realmente nos dedicamos a integrar os processos aos sistemas para que tudo funcionasse em conjunto.”

Além de oferecer suporte 24 horas, compartilhar as melhores práticas é essencial em uma indústria conservadora como a mineração.

“A Sandvik aproveita o fato de ser uma empresa global e nos coloca, por meio de suas redes e fóruns, em contato com outras pessoas do setor no mundo”, avalia Hristov. “Nesses fóruns, visitamos minas automatizadas na Escandinávia, que nos ajudou a visualisar, em detalhes, como as coisas podem funcionar de diferentes formas.”

Aexperiência na Chelopech beneficiou ambas as partes. “É sempre bom ter esse tipo de mina como parceira”, aponta Tainá Heim-onen, gerente de desenvolvimento de negócios para automação de minas na Sandvik. “É mais que uma relação comercial comum, já que compartilhamos a mesma visão, paixão e vontade de ir além. Acredito que algumas das melhores práticas daqui serão levadas adiante”.

Vesselin Kandarashev, gerente territorial da Sandvik para o sul da União Europeia, concorda. “Clientes como este são importantes para nós, uma vez que compartilhamos o mesmo desejo de pioneirismo.”

Hoje, a Chelopech é uma mina modernizada. O uso de água nas operações foi reduzido em 60%. As emissões de CO2 diminuíram com a instalação do britador no subsolo e com a redução das viagens de transporte.

A modernização da mina e do sistema ajudou a diminuir o volume de resíduos na superfície em 30%, o consumo de eletricidade em 25% e o consumo de combustível em até 70%. A linha ferroviária está sendo ampliada para eliminar o uso de caminhões.

Qual será o próximo passo? “É difícil prever, uma vez que não sabemos os desafios que irão surgir”, diz Hristov. “Mas não paramos por aqui. Ninguém acreditava que chegaríamos a dois milhões de toneladas de minério por ano. Agora, precisamos dar continuidade a esse trabalho e encontrar novas maneiras de tornar o sistema ainda mais eficiente.”

Do lado de fora da mina, sob o sol quente, três veículos antigos da Sandvik estão estacionados ao lado de dois novos carregadores também da empresa, que em breve entrarão em operação. Aposenta-se o velho e abraça-se o novo enquanto a viagem da Chelopech rumo ao sucesso continua.

Sobre a Chelopech

Localização: A 70 quilômetros de Sófia, na estrada que liga a capital ao porto de Burgas, no Mar Negro.
Operações: Mina subterrânea de extração de minério de cobre e ouro. O concentrado de cobre, que também contém ouro e prata, é transportado por caminhão e trem para Burgas, de onde é enviado para beneficiamento em Tsumeb, Namíbia. Um projeto de recuperação de ouro em pirita está em curso para melhorar o nível da recuperação do minério extraído.
Tamanho: A produção deu um salto de 550 mil toneladas em 2003 para 1,8 milhão em 2012.
Proprietário: A empresa canadense Dundee Metais Preciosos (DPM). Ela também é dona da mina de ouro, cobre, zinco e prata Kapan, na Armênia, e da unidade de beneficiamento em Tsumeb, Namíbia, além de um projeto exploratório em Krumovgrad, Bulgária.
História: Começou a extrair cobre em 1953. Em 2003, foi comprada pela DPM, que iniciou um projeto de modernização no ano seguinte. Ao todo, foram investidos mais de 500 milhões de dólares nas operações e cerca de 12 milhões no desenvolvimento das comunidades locais. O Trans4mine da Sandvik fez parte desse processo de transformação.
Colaboradores: Cerca de mil.

Texto: Alannah Eames/Foto: Adam Lach