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Abertura de túneis de alta tecnologia em duas montanhas do norte da Noruega abre caminho para construções mais precisas, produtivas e seguras.

Dez quilômetros ao sul do Círculo Ártico, rodeada pelo majestoso cenário do norte da Noruega, a empresa PNC Norge AS constrói uma nova estrada que passará por duas montanhas e um lago.

Lar do sol da meia-noite, a comunidade de Bratland é rodeada por montanhas imponentes e fiordes com águas de cor azul clara. Centenas de visitantes se dirigem ao local no verão para explorar as montanhas e nadar, navegar e pescar nas águas da região. As estradas de acesso são estreitas o suficiente para deixar qualquer motorista apreensivo quando grandes caminhões vão logo trás.

É uma dessas estrada que a PNC está reformando – a Rota 17. A atual estrada costeira chega a seu ponto mais estreito após a alta montanha Liafjellet, que possui uma face íngreme. No inverno, não é incomum que avalanches bloqueiem completamente a estrada, isolando comunidades e negócios localizados ao norte da região. Quando isso acontece, os únicos meios de transporte são aviões e barcos, mas ambos sofrem atrasos ou são cancelados por causa do mau tempo.

No site, o gerente de Projetos Norbert Hoerlein conduz as operações com intensa confiança. Hoerlein trabalha há 20 anos com abertura de túneis, principalmente na Áustria e na Alemanha. É seu primeiro projeto de túnel na Noruega, assim como da PNC.

“O projeto é um trecho de estrada com 5 km de extensão que atravessará duas montanhas – serão 1.900 metros pela Liatind e um túnel de 400 metros de extensão na Bakliholtan, para então chegar à ponte sobre o lago Olvikvatnet”, conta. A estrada terá 8,5 metros de largura – muito melhor para grandes caminhões – e evitará o declive íngreme da montanha e as avalanches que o acompanham. Na realidade, é um projeto relativamente pequeno para o grupo PNC, com custo de cerca de 330 milhões de coroas norueguesas (43 milhões de dólares), o que o torna ideal para o primeiro empreendimento da empresa nesse país. Antes de chegar à Noruega, a ligação da PNC com a Sandvik vinha de projetos anteriores. 

Sobre a PNC Norge AS

Com matriz em Viena, na Áustria, o Porr Group é uma das maiores empreiteiras da Europa, fornecendo serviços em todas as áreas do setor de construção civil. A empresa possui operações na Noruega desde 2016, sob o nome PNC Norge AS. Ela atua nacional e internacionalmente em áreas da engenharia civil, como construção de estradas, abertura de túneis e instalações subterrâneas. A Porr também é especializada em desenvolvimento de projetos, engenharia ambiental e gerenciamento de instalações.

Como o projeto norueguês exigia um equipamento de perfuração potente e confiável, a empresa decidiu que a Sandvik seria a parceira perfeita para encarar o desafio.

A engenheira Ines Hagspiel já está bastante acostumada com as tarefas da PNC nas bases das montanhas. “O principal desafio durante o processo de abertura de túneis é ter o mínimo possível de perfil excessivo ou insuficiente. É por isso que precisamos de um equipamento que seja muito preciso. Dessa forma, teremos apenas um perfil teórico mínimo”, destaca.

No site, eles aproveitam ao máximo as funcionalidades do jumbo mais recente, o Sandvik DT1131i e da tecnologia de gerenciamento de túnel iSURE, além das ferramentas de perfuração de rochas, bits, hastes e capacitações, resultando em um processo de perfuração e desmonte mais econômico, preciso e rápido.

“O novo DT1131i foi o primeiro jumbo vendido para a PNC na Noruega. No início, juntamente com o jumbo e o scanner 3D, fornecemos um pacote com ferramentas de perfuração de rochas e peças sobressalentes, para que eles pudessem se assegurar de que a obra continuasse sem interrupções. Também oferecemos uma série de treinamentos para os operadores no site”, afirma Åge Nesserstrand, representante de Suporte Técnico para Abertura de Túneis Subterrâneos da Sandvik Mining and Rock Technology.

Os tipos de rochas mais comuns no local são a gnaisse e a micaxisto – antigas e sólidas, perfeitas para construir túneis. O equipamento da Sandvik é capaz de perfurar cinco metros por vez – bastante diferente de um ou dois metros que o gerente de projetos da PNC está acostumado a lidar na Europa Central.

O benefício de um scanner 3D é a possibilidade de reação e correção imediatas, além de proporcionar mais agilidade ao processo.

“É por isso que a tecnologia é tão importante por aqui. Na Áustria e na Alemanha, onde você só consegue perfurar um metro por vez, não é possível variar muito a cada desmonte. Mas aqui na Noruega, se você perfura sem muito controle, você pode rapidamente terminar a um metro de distância de seu trajeto planejado. É necessário tecnologia para executar precisa e rapidamente”, conta Hoerlein.

A PNC está testando o software iSURE da Sandvik, que é viabilizado pelo sistema de escaneamento 3D do jumbo. Marin Kulaš, pesquisador de Geodados contratado pela PNC, já notou os resultados dos novos equipamento e do software.

“O benefício de um scanner 3D é a possibilidade de reação e correção imediatos, além de proporcionar mais agilidade ao processo, que é o principal. Ele ajuda o operador a visualizar o contorno e se há algum perfil excessivo ou insuficiente, possibilitando uma reação em tempo real. E o escaneamento funciona como uma impressão digital. Ou seja, durante o próximo ciclo, o scanner procura por pontos idênticos entre a nuvem de pontos e o escaneamento anterior. Só depois você está preparado para o próximo ciclo. Todo esse processo de navegação dura menos de quatro minutos, o que é rápido”, diz Kulaš.

A tecnologia da Sandvik é perfeita para uma nova geração de engenheiros. “Eles são ‘nativos digitais’, cresceram com PlayStations e iPhones, têm muito interesse na análise de dados e por novas ferramentas”, ressalta Hoerlein. Para o especialista, a educação e a automação são o futuro da indústria. Nesse cenário, com dados e uma equipe de engenheiros trabalhando em conjunto, estaremos prontos para trabalhar nos níveis avançados de segurança, documentação e precisão esperados pelos clientes.

A funcionalidade de relatórios do iSURE 3D também contribui para manter clientes informados, aumentando a confiabilidade entre o cliente e a empresa contratada. A PNC acredita em uma forma de trabalho transparente e a tecnologia ajuda a simplificar esse processo. “Ela fornece informações precisas sobre o projeto de forma simples, para que então possamos encontrar juntos as soluções”, completa Hoerlein.

“Nós realmente gostamos do iSURE porque, com ele, conseguimos entregar um modelo 3D do túnel para o cliente. Dessa forma, podemos mostrar onde temos perfis insuficientes e excessivos e onde teremos que fazer novos furos para outras detonações”, concorda Ines Hagspiel.

Solução Sandvik

Para esse projeto, o primeiro da PNC na Noruega, a Sandvik forneceu o novo jumbo de três braços DT1131i, além de ferramentas de perfuração de rochas, bits e hastes. Foi a primeira vez que o software Sandvik iSURE e o scanner 3D foram testados em projetos dessa natureza, proporcionando recursos de planejamento e análise de alto nível. A Sandvik também ofereceu suporte técnico e treinamento para os operadores no local, para assim garantir que os equipamentos, sistemas e suporte atendam às necessidades específicas do cliente.

Além disso, Hoerlein garante que a PNC não teve nenhum problema com a estabilidade do equipamento e do sistema neste projeto em particular – eles não travaram ou falharam durante o uso, garantindo ainda mais confiabilidade ao trabalho. “É um sistema bastante estável”, afirma.

Outra funcionalidade do iSURE é a possibilidade de medir a posição exata dos parafusos que, por sua vez, pode ser compartilhada com o cliente com alta precisão através das imagens 3D. “De outra maneira, o topógrafo precisa medir milhares de parafusos e estimar onde suas extremidades estarão. Esse já um passo para o futuro”, avalia.

Para a PNC, é importante se integrar e participar das tradições norueguesas. Por isso, a empresa ensina norueguês para os colaboradores que não falam o idioma.

“É fundamental fazer parte da cultura do país”, comenta Hoerlein.

A PNC espera trazer para a Noruega ferrovias balastradas e construção de túneis e pontes. O objetivo é suprir a necessidade de maior infraestrutura no país e, para isso, a empresa conta com a parceria da Sandvik. “Juntos, testamos novos produtos, como o scanner 3D, para que no futuro esses produtos contribuam para o avanço do setor. Nossa intenção não é concluir esse projeto e desaparecer. É um investimento no futuro do país e da empresa”, conclui Hoerlein.