Transformação com automação

NAVAN, IRLANDA. Uma abordagem automatizada em uma jazida incomum está ajudando a Boliden a compensar a baixa concentração de minério, aumentando a produtividade e melhorando a segurança e a sustentabilidade na maior operação de zinco da Europa.

Fundada em 1147 e a apenas alguns minutos ao sul da pitoresca cidade de Navan, na Irlanda, fica a Abadia de Bective, uma igreja de pedras cinzas incrivelmente bem preservada que enfeita a paisagem da Ilha Esmeralda há séculos. A forte fundação e o engenhoso projeto ajudaram a antiga estrutura a resistir ao tempo. A oeste do local, você encontra a mina Tara, da Boliden, de planejamento igualmente perspicaz e que parece replicar a longevidade exibida pela abadia, mantendo-se produtiva em um mercado sempre desafiador.

Comissionada em 1977 e com uma produção anual de 2,6 milhões de toneladas de minério, Tara é a maior mina de zinco da Europa, apesar de ser uma jazida relativamente diferente. “O ângulo do corpo de minério é um desafio, pois é pouco profundo”, conta o gerente de Mineração da Tara, Tom Bailey. “Isso significa que, do ponto de vista da produtividade, há muito desenvolvimento para continuar acessando o corpo de minério. Onde o ele é espesso, ainda é adequado para furos longos, mas quando fica um pouco mais fino, os desafios aumentam.”

E, na Tara, desafios não faltam. A meta da empresa, de cerca de 2,6 milhões de toneladas de minério por ano, depende da disponibilidade da jazida, que por sua vez depende de 14,3 km de desenvolvimento por ano. “São apenas 112 toneladas de minério acessados por furos longos por metro de desenvolvimento”, explica Bailey. “É uma proporção bastante alta de metros de desenvolvimento para minério produzido.”

A concentração cada vez menor também aumenta a lista de obstáculos que a Tara precisa superar. Quando a mina foi comissionada, em 1977, a concentração de zinco estava em torno de 12%. “Exploramos uma concentração muito menor agora”, destaca Bailey. “No ano passado foi 6,3% e esse ano será 5,7%. No futuro deve cair para 5,3%. Assim, nosso retorno por tonelada de rocha extraída está diminuindo, o que obviamente afeta a rentabilidade. É preciso compensar isso de alguma forma, e focamos na melhoria da produtividade e em custos mais baixos para lidar com as menores concentrações.”

Gerry McDonagh é diretor de Produção da Tara, e seu trabalho é transformar metas em realidade.

Mina Tara

A mina Tara, da Boliden, na Irlanda, é a maior operação de zinco da Europa e uma das maiores do mundo. Desde que a mineração começou, em 1978, mais de 85 milhões de toneladas de minério foram extraídas. A Boliden adquiriu a mina em 2004. Graças à exploração e aquisições, a reserva e os recursos minerais aumentaram continuamente. Nos últimos anos, a Tara se concentrou em reduzir seus custos por meio de investimentos que aumentam a produtividade e medidas de economia. Cerca de 2,6 milhões de toneladas de minério são extraídas anualmente para a produção de concentrados de zinco e chumbo.

“Buscamos nossos objetivos tentando trazer a melhor tecnologia, métodos e pessoas para colocar nossos objetivos em prática”, diz. Para a equipe da Boliden, isso inclui uma solução automatizada fornecida pela Sandvik.

“Quando queremos introduzir algo novo no ambiente de mineração, avaliamos de um ponto de vista holístico. Nós olhamos para a produtividade que a solução fornece, mas também para os benefícios de saúde e segurança”, afirma McDonagh.

Bailey concorda. “Quando penso em produtividade, penso em aumentar a utilização do equipamento, o que reduz as necessidades de capital”, afirma. “Aumentar o volume com o mesmo custo também é muito importante, e parte disso vem do uso de caminhões e carregadeiras automatizados nas troca de turnos, por exemplo.”

Tara começou a considerar automação em 2011, visitando outras minas, como Kidd Creek, no Canadá, que progrediu muito em suas soluções de automação de carregamento e transporte. Em 2015, a mina iniciou testes automatizados em uma área fechada e sem saída para determinar a viabilidade do sistema. Quando se mostraram eficazes, o próximo passo foi identificar os melhores lugares para implementar o sistema e, assim, maximizar o retorno do investimento. Para a Tara, era em sua operação de extração, em que a mina normalmente podia carregar de uma frente de lavra para um caminhão ou para uma passagem de minério.
“Ainda é um aprendizado”, conta McDonagh sobre a jornada de automação. “Tivemos que aprender a configurá-la corretamente primeiro e, claro, cometemos erros. Também tivemos que convencer nossos 580 colaboradores de que não perderiam seus empregos e que, na verdade, o trabalho seria facilitado. Tem sido um desafio, sem dúvida.

“Certa vez, tivemos um incidente em que um operador passou pelo laser e todos os equipamentos foram desligados”, lembra. “Essa experiência, por mais que não quiséssemos que acontecesse, foi boa porque as pessoas perceberam que o sistema funciona. A automação também agrupou certas funções, liberando colaboradores para ajudar em outras áreas e nos tornando mais eficientes.”

A Tara adquiriu um jumbo Sandvik DD422i e dois jumbos elétricos Sandvik DD422iE, todos com alto grau de automação em termos de precisão de perfuração, maximizando o avanço por ciclo. “Normalmente, temos cerca de 4,5 metros por ciclo, e em avanços retos estamos alcançando mais de 5 metros por ciclo com esses equipamentos”, destaca Bailey. “Além disso, eles têm perfuração automática, e muitas vezes, durante o almoço, deixamos a perfuração no automático. Isso nos dá uma garantia melhor de que estamos concluindo o ciclo de desenvolvimento em um turno.”

<p>O gerente de Mineração da Tara, Tom Bailey.</p>

O gerente de Mineração da Tara, Tom Bailey.

<p>A mina Tara investiu em uma frota de equipamentos de carregamento e transporte prontos para automação.</p>

A mina Tara investiu em uma frota de equipamentos de carregamento e transporte prontos para automação.

Junto com os três jumbos inteligentes da Sandvik, a Tara investiu em uma frota de equipamentos de carregamento e transporte prontos para automação, incluindo três carregadeiras Sandvik LH517, duas carregadeiras Sandvik LH621 e uma carregadeira Sandvik LH621i, além de um caminhão Sandvik TH663i. Eles se somam a outros oito caminhões subterrâneos e jumbos da Sandvik.

“A operação automática do equipamento também resulta em menos desgaste. Os scanners impedem que eles atinjam paredes ou objetos, reduzindo custos de manutenção e danos e, como estamos aumentando a utilização, também diminuímos as necessidades de capital”, explica Bailey.

Ao retirar as pessoas das áreas perigosas, a empresa melhora a segurança dos colaboradores. O operador Paul Finnegan adora trabalhar na sala de controle na superfície. “O benefício de se trabalhar com automação é, definitivamente, a segurança, sem mencionar que você pode aproveitar o clima irlandês sentado na sala de controle”, comemora. “E levou apenas cerca de duas semanas de treinamento para eu me tornar o especialista que sou hoje.”

A jornada de automação ainda não acabou, mas os resultados preliminares já apareceram. “Com a perfuração de furos longos, a introdução da automação, que será expandida no próximo ano, já proporcionou um aumento de capacidade de cerca de 15%”, afirma Bailey. “Em termos de utilização, em particular quando há um grande desafio, fizemos até 30% de nossa perfuração no automático e utilizamos totalmente a capacidade adicional.

“Quando se trata de transporte, a automação aumentou a capacidade de um caminhão em cerca de 10% a 15% com a possibilidade de operar continuamente em troca de turnos e em blocos isolados das outras áreas de mineração durante um turno. Outro caminhão já foi encomendado para o ano que vem”, complementa.

Nós nos aproximamos de nossos objetivos tentando trazer as melhores tecnologias, métodos e pessoas

A Tara planeja aumentar essa capacidade após a conclusão dos testes e das etapas de implementação. “Hoje, estamos utilizando cerca de 5% do aumento de capacidade disponível, mas com a infraestrutura que instalamos e o equipamento que adquirimos, a capacidade disponível resultará em um aumento de 15% a 20%”, afirma Bailey.

A parceria que a Boliden tem com a Sandvik é especial.

“Nós realmente trabalhamos bem juntos. Além do serviço e do treinamento incríveis, incluindo o fornecimento de especialistas no local para aprimorar o conhecimento da nossa equipe e afiar os bits das ferramentas, a Sandvik nos forneceu um contrato abrangente de consumíveis de perfuração que é uma abordagem conjunta para compartilhar custos quando os componentes são perdidos ou danificados.

“Também enviamos instrutores para o programa Sandvik Master Driller, que fornece os mais altos níveis de treinamento disponíveis no setor”, destaca McDonagh. “Eles trazem esse conhecimento, o que, por sua vez, melhora a operação de todos os nossos equipamentos de perfuração e reduz o uso de consumíveis. Nós também testamos novos equipamentos para a Sandvik, e somos a primeira empresa na Europa a adquirir a carregadeira Sandvik LH621i, prova da confiança que temos uns nos outros”, explica.

As duas empresas também estão envolvidas em uma parceria semelhante quando se trata de automação. Os especialistas da Sandvik no local ajudam na jornada de automação, garantindo que todos os objetivos da Boliden sejam atendidos do ponto de vista de produtividade, segurança e sustentabilidade.

“As metas de produção na Tara são definidas com base na qualidade de sua produtividade”, explica Brian Carroll, gerente de Peças, Serviços e Garantia da Sandvik Mining and Rock Technology na Irlanda. “Sua produtividade depende da qualidade do equipamento e isso requer uma boa manutenção. Nossas equipes de Manutenção e Automação oferecem o melhor serviço para manter a Tara no caminho certo para atender a todos os seus padrões de qualidade.”

A Boliden é líder no setor quando se trata de operações sustentáveis, e investe pesado em iniciativas de eficiência energética – do investimento de um milhão de euros para atualizar seu sistema de água subterrânea até reabilitar suas barragens de rejeitos para que gado possa ser pastoreado no local. A automação é outra peça fundamental no foco em sustentabilidade da empresa, que eles estão maximizando com a parceria.

“A Sandvik e a Boliden entendem que, ao adotarmos uma abordagem de parceria, haverá benefícios mútuos”, conclui Bailey. “E esse é o tipo de parceiro que nos ajudará a permanecer produtivos durante o ciclo de vida das operações de mineração na Tara.”

Boliden

As minas a céu aberto e subterrâneas da Boliden são algumas das mais produtivas do mundo. A empresa desenvolve continuamente novas e melhores técnicas e métodos de exploração das reservas e investe pesado em tecnologia de manutenção. A Boliden trabalha constantemente para modernizar e otimizar o projeto, o planejamento e o gerenciamento de suas minas na Suécia, na Finlândia e na Irlanda para aumentar ainda mais a qualidade.