Renascimento que gera orgulho
THUNDER BAY, ONTÁRIO. Após voltar à vida por meio de um novo método de mineração e transformação tecnológica, a mina Lac des Iles, da North American Palladium, surge como uma das operações subterrâneas de menor custo do Canadá.
O entusiasmo é palpável na mina de Lac des Iles (LDI). Depois de anos enfrentando desafios financeiros e problemas de engenharia que ameaçavam o futuro da mina de paládio, a LDI voltou a ser lucrativa em 2017, em grande parte graças à transição do método de lavra por furos longos para o de mineração por enchimento temporário em subníveis (shrinkage sublevel).
A estratégia utilizada anteriormente deixou minério nos pilares remanescentes e criou desafios relacionados ao controle de estabilidade e lama. A mineração shrinkage sublevel, uma versão modificada do sublevel caving, tem permitido uma melhor fragmentação, 100% de extração de minério e uma taxa de produção significativamente mais consistente nos níveis mais baixos da mina.
O novo método ajudou a LDI a dobrar a produção subterrânea diária, passando de 3.000 toneladas em 2015 para 6.000 toneladas em 2017. Tudo isso reduzindo, ao mesmo tempo, o custo por tonelada. A empresa North American Palladium (NAP) também implementa tecnologia para melhorar processos no local, aumentar a eficiência e prolongar a vida útil da mina.
A North American Palladium
A empresa é a única do mundo dedicada unicamente à produção de paládio, metal usado em conversores catalíticos automotivos e normalmente extraído como subproduto de minérios de níquel e cobre. Com uma infraestrutura moderna, portfólio de exploração e força de trabalho dedicada, a NAP é uma produtora de paládio de baixo custo, longo prazo e sustentável bem posicionada no mercado. A meta para 2018 da empresa canadense é alcançar entre 230 mil e 240 mil onças de paládio.
“Acreditamos que estaremos muito perto da faixa de 29 dólares por tonelada. Essa é nossa meta. Para chegar até lá, a tecnologia será fundamental. Ela está substituindo a nossa visão e proporcionando grande melhoria de produtividade”, afirma Jim Gallagher, presidente e CEO da NAP.
A LDI originalmente instalou um cabo de rede de fibra ótica para monitoramento sísmico, mas logo notou um potencial muito maior e começou a instalar pontos de acesso e sensores sem fio para permitir rastreamento de equipamentos e de equipes.
“Nosso nível era relativamente baixo, mas agora somos uma mina de grande volume. Aumentamos a taxa de produção e reduzimos os custos operacionais, e a tecnologia tem contribuído em grande parte para tudo isso”, avalia Gallagher.
A LDI também introduziu o gerenciamento de mina em tempo real, que permite a tomada de decisões mais ágeis e inteligentes, além de garantir um planejamento otimizado que atenda a seus objetivos de longo prazo.
“Nós adotamos grandes mudanças para tornar essa operação bem-sucedida, mas a tecnologia e o controle em tempo real provavelmente aumentaram em 20% nossa taxa de produção. Medimos todas as partes do ciclo de mineração e, agora, podemos rastrear e melhorar o desempenho dos equipamentos e das equipes. Compreendemos muito melhor nosso negócio e quais são os gargalos no processo de produção”, comenta Gallagher.
Com uma produção subterrânea finalmente a níveis previsíveis e consistentes, a NAP tem na mira outras grandes áreas de baixa qualidade e próximas à superfície para, assim, dobrar a produção mais uma vez – agora para 12 mil toneladas por dia.
“Estamos analisando possibilidades abaixo dos poços subterrâneos já explorados. Aplicamos tecnologia de automação para tornar lucrativas algumas dessas reservas de menor qualidade”, diz Gallagher.
Para o gerente Geral da LDI, Bryan Wilson, a automação foi um próximo passo lógico. “Perdíamos até duas horas e meia por turno para transporte de pessoas, movimentação de equipamentos e períodos de desmonte”, conta.
Nesse contexto, a LDI testou, em abril de 2018, uma carregadeira Sandvik LH514 equipada com o AutoMine. Não demorou muito para que Jason Baggs, que supervisiona a área de Automação e Tecnologia da mina, enxergasse seu potencial. “Já tínhamos alcançado três quartos da nossa meta de produção, de maneira sustentável e consistente, no período experimental de duas semanas. Enxerguei o potencial dessa aquisição antes mesmo de finalizar esse período. Pensava que precisaríamos de três a seis meses para obter números consistentes, mas fiquei surpreso com a rapidez com a qual alcançamos nossas metas”, relembra Baggs.
Mina Lac des Iles
A mina de paládio Lac des Iles (LDI) está localizada a 90 km a noroeste da cidade de Thunder Bay, em Ontário. Uma das duas únicas minas produtoras primárias de paládio do mundo, a LDI iniciou suas operações em 1993 como uma mina a céu aberto. A mineração subterrânea começou em 2006. Já em 2013, a mina mudou do acesso via rampa para o acesso por shaft. Com mais de 600 colaboradores, a mina tem reservas de 40,9 milhões de toneladas, com teor médio de paládio de 2,31 gramas por tonelada.
Buscando encontrar ainda mais possibilidades para aumentar a produtividade entre os turnos e durante outros períodos improdutivos, a LDI comprou a Sandvik LH514 e a instalou no vagão mais longo da mina – uma rota de 500 metros repleta de curvas.
“Queríamos testar sua capacidade. Sabíamos que um operador, em um turno de 12 horas, é capaz de encher 30 caçambas em uma viagem ao subterrâneo. Com o novo equipamento, chegamos a 50 caçambas. Fazer isso e ainda permitir que o operador permaneça na superfície é uma melhoria fantástica. Não são necessárias muitas caçambas e caminhões para que esse equipamento se pague com facilidade, já que é capaz de deixar as máquinas trabalhando no período entre turnos. Se conseguirmos carregar três caminhões de minério com esse volume retirado entre os turnos, essa máquina se pagará em poucos meses”, avalia Wilson.
A LDI já conseguiu remover 1.600 toneladas de material com a Sandvik LH514 automatizada em um período de 24 horas. “Estávamos confiantes de que atingiríamos 1.000. Na época, a previsão era de 500 toneladas. Mas conseguimos alcançar com esse equipamento valores até então nunca obtidos”, afirma Baggs.
Na avaliação de David Galea, gerente de Excelência Operacional da mina, a implantação do equipamento automatizado da Sandvik em um processo sem gargalos está permitindo que a LDI “domine essa tecnologia antes que se torne uma peça ainda mais crítica no jogo.”
“O caminho que a indústria segue é o da automação, então vamos testá-la em um ambiente onde podemos provar que ela é bem-sucedida e planejar um processo de expansão, ao mesmo tempo em que pensamos na vida da mina em torno da automação e aumentamos a segurança e a produtividade das nossas equipes”, comenta Galea.
A partir do pedido de compra, foram necessários menos de 60 dias para finalizar o comissionamento e a instalação da infraestrutura para a carregadeira automática. “Implementar a automação com a Sandvik foi um processo muito rápido e fácil. O suporte foi ótimo e trabalhamos juntos em outras melhorias”, comemora Galea.
Através dessa parceria, por exemplo, foi possível otimizar o projeto das caçambas de caminhões e carregadeiras da mina e adaptá-las ao processo de mineração shrinkage sublevel, bem como ao tipo de minério menor e mais leve.
“A mudança nos permitiu levar, em carregadeiras de 14 toneladas, a mesma quantidade de minério que movíamos anteriormente nos equipamentos de 18 toneladas. A Sandvik também projetou caçambas de tamanho máximo para transportar esse minério mais leve. Antes disso, conseguíamos depositar 37 toneladas em caminhões com capacidade para levar 45. Com a Sandvik, conseguimos chegar a 42 toneladas carregadas”, conta Galea.
Wilson acrescenta: “há vários aspectos interconectados na transformação da LDI. O tamanho da caçamba de caminhões da Sandvik realmente contribuiu para o sucesso geral da mina e eu não posso subestimar isso”.
A NAP recentemente estendeu para 2027 a vida útil da mina LDI, que segue a previsão de alcançar a produção, em 2018, de até 240 mil onças de paládio.
“Para transformar uma mina com produção de 3.000 toneladas para uma operação de 6.000 a 6.500 toneladas por dia, é necessário enfrentar vários obstáculos. A cada melhoria feita, vamos aumentando nossa produtividade. Ao descobrirmos essa automação e ficarmos bons em aplicá-la, avançamos dois ou três anos nessa trajetória. Estamos tentando abrir caminho para o futuro. Nesse sentido, descobrir como aplicar a automação em uma escala mais ampla será fundamental”, completa Wilson.