Cuidado, déficit
O mercado detrabalho na mineração é diversificado e um tanto intrigante. O setor de energia está contratando, enquanto outros segmentos passam por momentos conturbados. Mas uma coisa é certa: as minas altamente mecanizadas do futuro vão exigir trabalhadores mais qualificados do que no passado.
A indústria de recursos minerais gira sete trilhões de dólares e emprega milhões de pessoas. Mas o setor não é mais o mesmo. Em todo o mundo, a mineração dá cada vez mais atenção para alternativas sustentáveis e vê a recente desaceleração da demanda da China e uma maior regulação governamental.
Preparando para o futuro
A Sandvik investe significativamente em seu programa de formação, mas também planeja desenvolver relações de orientação mais efetivas entre os empregados experientes e os novatos, além de programas de Responsabilidade Social Corporativa (RSC).
“É preciso entender que se pudermos fazer uma mineração mecanizada de sucesso e ajudá-la a se afastar do modelo convencional, tornando a mina um lugar mais seguro e melhor para se trabalhar, então a Sandvik será bem-sucedida”, resume Sunet Marx, gerente global de talentos e desempenho na Sandvik Mining na África do Sul. “É um grande desafio e, portanto, precisamos de mentes jovens e brilhantes para ajudar a mudar a cultura mineira.
“Superar esta lacuna de gerações e talentos é muito importante para a Sandvik e a mineração como um todo”, diz Marx. “O programa de formação faz uma grande diferença, e os clientes também se juntam a nós neste programa. Em muitos casos, fazemos disso parte da nossa ação de RSC, pois treinamos profissionais para a mineração em geral e não apenas para nós. Na África do Sul, este é um grande investimento, que ajuda a criar vagas em um país com uma taxa de desemprego de 25%.”
Mas a indústria está trabalhando para enfrentar esses desafios, o que envolve mais mecanização, virtualização e tecnologias modernas para conseguir processos mais “enxutos” e produzir mais gastando menos. Estas novas técnicas de mineração “inteligentes” requerem menos profissionais, mas uma proporção muito maior de trabalhadores altamente qualificados.
“Vemos mais mineradoras realizando programas de treinamento de gestão do que nunca”, diz o professor Greg Adel, diretor do departamento de Engenharia de Minas e Metais da Universidade Virginia Tech, Estados Unidos. “Como os antigos profissionais estão se aposentando, é preciso conseguir uma nova geração de talentosos engenheiros rapidamente. Nossos graduados são contratados mais rápido do que no passado, pois suas habilidades são muito procuradas.”
Como resultado da rápida mecanização, a indústria está enfrentando um grande déficit de competências. No Canadá, por exemplo, menos trabalhadores da mineração tem nível superior (11%) do que a média da força de trabalho do país (22%). No entanto, os mineiros do futuro serão mais preparados do que seus pares em outras indústrias. Eles precisam ser engenheiros de boas escolas com formação em geologia, termodinâmica, circuitos elétricos, hidráulicos e outras áreas. Isto obriga a indústria de mineração a repensar totalmente suas práticas de recrutamento.
Enquanto as funções de serviços administrativos e gerenciais estão geralmente localizadas em áreas urbanas, alguns projetos de mineração requerem que as pessoas se mudem para comunidades remotas e podem exigir viagens longas ou muitas idas e vindas para trabalhar”, conta Ryan Montpellier, diretor-executivo da Canadian Mining Industry Human Resources Council (MiHR). “As mineradoras precisam oferecer remuneração e benefícios competitivos, como oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento, orientação e trabalho interessante e desafiador, se quiserem ser bem-sucedidas ao atrair, recrutar e reter esses talentos.”
As mineradoras e fabricantes de equipamentos precisam mostrar para a nova geração de talentos que a mineração moderna é uma ótima opção de carreira, com condições de trabalho seguras e estáveis e salários altos. Mas, talvez ainda mais importante, elas precisam contar que envolve o trabalho de ponta em áreas não tradicionalmente associadas à mineração, como comunicação e inovação.
“Muitos alunos são atraídos pela oportunidade de trabalhar solucionando problemas reais, como minimizar o impacto ambiental”, afirma Adel. “Trabalhamos em estreita colaboração com a indústria na elaboração de cursos, estágios e bolsas de estudos, mas talvez a maior mudança nos últimos dez anos tenha sido a atenção ao desenvolvimento das habilidades de comunicação dos alunos. Comunicação é a chave para o sucesso de qualquer mineradora moderna.”
Montpellier acrescenta: “Em uma economia global competitiva, a inovação é essencial para o sucesso dos produtores de bens e serviços. A indústria de mineração e exploração não é exceção. Essas organizações terão que aumentar o foco em recrutamento, retenção e planejamento de sucessão.”
Texto: Joakim Båge/Ilustração: Valero Doval