Mantendo o silêncio
O ruído é uma presença constante no mundo industrializado atual. No que diz respeito à escavação e processamento de rochas, a questão principal é como minimizar os impactos à saúde dos operadores e demais pessoas no local de trabalho e nas comunidades adjacentes.
Mais da metade da população global e três em cada quatro cidadãos da União Europeia vivem em áreas urbanas, expostos a altos níveis de ruído ou “sons externos indesejados ou prejudiciais criados por atividades humanas”, conforme definido na Diretiva de Ruído Ambiente da UE. Além de ser um incômodo, o ruído está associado a vários impactos diretos e indiretos à saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), tais efeitos podem ser detectados, por exemplo, em pessoas expostas a níveis de ruído noturno superiores a 40 decibéis – nível bastante baixo, considerando que uma conversa normal geralmente gera ruído em torno de 50 ou 60 decibéis. Os impactos são diversos, desde doenças cardiovasculares a problemas psicológicos. Segundo a Comissão Europeia, o ruído pode estar associado a uma estimativa de 70 mil internações hospitalares e 16 mil mortes prematuras por ano somente na Europa. De fato, a OMS classifica o ruído como a segunda pior causa ambiental de problemas de saúde, superada apenas pela poluição do ar causada por partículas ultrafinas.
Em outras palavras, o ruído não é um problema secundário ou de menor importância. E o que podemos fazer sobre isso? Mais especificamente, o que os gerentes de minas, operadores de pedreiras e empresas de perfuração podem fazer para reduzir as emissões de ruídos de seus equipamentos?
Os pontos-chave em qualquer problema de ruído e, consequen-temente, os fatores de qualquer medida de controle, precisam ter impacto na fonte, no caminho de transmissão e no receptor. Obviamente, um proprietário de uma mina ou de uma empresa de desmonte detêm pouco ou nenhum controle sobre as medidas de prevenção externas – não é viável fazer com que as pessoas da região fiquem em ambientes fechados ou usem proteção auditiva. As equipes de perfuração e de outras áreas são responsáveis pelo uso de métodos de trabalho corretos e equipamentos de proteção individual. Em outras palavras, as opções de mitigação mais práticas estão na fonte e no caminho de transmissão.
Uma perfuratriz de superfície é um equipamento desafiador em termos de mitigação de ruído, pois é muito difícil projetar o martelo, que é a fonte mais significativa de ruídos, de maneira a reduzir efetivamente o alto ruído emitido durante a perfuração.
Decibéis e potência sonora
Os níveis de pressão ponderada em A citados neste artigo são um método projetado para filtrar a energia sonora em todo o espectro de frequências audível por seres humanos, de modo que os resultados da medição correspondam mais realisticamente à sensibilidade do ouvido humano. Devido à natureza logarítmica da escala de decibéis, as mudanças que podem parecer insignificantes ao valor nominal são bastante substanciais; por exemplo, o silenciador NoiseGuard-DXi pode reduzir a potência sonora emitida pela perfuratriz em oito decibéis, o que significa que o nível absoluto do som será de apenas 16% do valor não mitigado.
“Examinamos isso a fundo com a Sandvik”, conta Lasse Lamula, cientista do Centro de Pesquisa Técnica VTT da Finlândia, uma instituição de pesquisa com a qual a Sandvik coopera. “Nossa conclusão é que é muito difícil reduzir efetivamente o nível de ruído do martelo. A haste de perfuração, em particular, gera muito barulho. A questão é que tornar o equipamento robusto e durável e reduzir o ruído são objetivos conflitantes. Geralmente, o que você tenta obter com a engenharia mecânica é a redução dos níveis de vibração superficial dos componentes, mas em perfuratrizes isso é muito difícil de fazer.”
Isso deixa uma terceira opção, reduzir o ruído ao longo do caminho de transmissão. Significa, praticamente, isolar o martelo e o sistema de manuseio de hastes em uma estrutura eficaz de supressão de ruído. Mas isso também é complicado, pois projetar essa estrutura não é uma tarefa simples. “Existem tantos parâmetros que você precisa levar em consideração”, explica Lamula. Pegando como exemplo o recente projeto Sandvik NoiseGuard-DXi, ele afirma que os níveis de ruído emitidos diretamente na frente da perfuratriz eram claramente mais altos do que em outras direções e nenhuma explicação clara para isso foi encontrada. Melhorias no design do silenciador não tiveram resultados substanciais. A estrutura da face era o fator mais crucial, pois quanto mais pesada melhor atenuaria o ruído. Mas, novamente, há um requisito competitivo para tornar o silenciador o mais leve possível. E é problemático usar uma estrutura rígida leve para reduzir a ressonância e ao mesmo tempo minimizar a eficiência da radiação sonora.
Um dos principais objetivos é usar os materiais ideais para maximizar a absorção do som dentro da estrutura do silenciador, algo que Lamula reconhece nas soluções de silenciadores da Sandvik. “Parece funcionar incrivelmente bem”, destaca. “As reduções na potência sonora que medimos são realmente surpreendentes, considerando a estrutura relativamente simples do silenciador. Além disso, a sensação subjetiva do que um operador de perfuratriz ouve pode ser ainda mais significativa, em comparação com os valores medidos.”
A linha de produtos da Sandvik Mining and Rock Technology inclui várias soluções eficazes que podem reduzir significativamente os níveis de ruído das perfuratrizes de superfície. Uma solução chamada NoiseGuard-DX está disponível para as perfuratrizes top hammer da série Ranger DX há vários anos. A nova série Ranger DXi pode ser equipada com uma solução atualizada, chamada NoiseGuard-DXi, que é uma estrutura totalmente fechada e fornece uma redução máxima de ruído de quase 10 decibéis no nível de pressão sonora ponderada em A ao redor do equipamento. A opção NoiseGuard-DXi possui uma supressão de ruído eficaz com os recursos de usabilidade mais recentes, como um sistema de câmera para fornecer excelente visibilidade mesmo com portas fechadas, além de um design de desmontagem de parafuso único para manutenção rápida e fácil do sistema de alimentação. A terceira opção, chamada NoiseShield-DC, é uma solução simples e compacta para as perfuratrizes Dino DC410Ri menores e sem cabine. Embora não seja uma estrutura totalmente fechada como o NoiseGuard-DXi, o NoiseShield-DC ainda reduz efetivamente os níveis de ruído direcionando o ruído de perfuração para cima por meio de uma parte superior aberta, para longe do operador e das áreas adjacentes.
Pedreiras e empresas de mineração estão cada vez mais conscientes sobre emissões de ruído. Um exemplo é Suomen Räjäytyslouhinta Oy, companhia finlandesa de desmonte e escavação que realiza trabalhos em pedreiras, de engenharia e construção civil. “Já não adquirimos equipamentos sem silenciadores”, afirma Jyrki Peltola, diretor da Suomen Räjäytyslouhinta. “Os silenciadores têm uma reputação notória de serem problemáticos, mas isso é mentira. Pergunte a qualquer operador e eles dirão que não têm problemas. Não afeta o ritmo da perfuração, o conforto, nada. Tem muitos benefícios além da redução de ruído. Eles diminuem a quantidade de poeira. O operador dtambém pode trabalhar por mais tempo em um ambiente de trabalho mais agradável. E, é claro, atualmente os silenciadores são exigidos em novos contratos. É o futuro.”
Zero danos
Uma das metas de sustentabilidade do Grupo Sandvik para 2030 na categoria ‘Pessoas’. A empresa visa não causar danos às pessoas, tanto em suas próprias operações quanto nas dos clientes. Em termos de clientes, isso significa que as melhorias de saúde e segurança são parte integrante de todos os projetos de desenvolvimento de produtos. Além disso, análises de saúde, segurança e riscos devem abranger todos os produtos e serviços.