O lema de segurança da Milpo é claro: “Nenhum trabalho é tão urgente que possa ser feito sem segurança – nenhum”. A empresa pretende ser a mineradora com maior consciência de segurança do Peru.

Fundada em 1949, a mina subterrânea El Porvenir é uma das mais profundas da América Latina: dela são extraídos chumbo, zinco e prata a uma profundidade de 1.250 metros. Pela idade e profundidade, não surpreende que a segurança seja a preocupação fundamental da Milpo, sua proprietária.

Juan Feijóo iniciou sua carreira como engenheiro de minas na El Porvenir, que fica no estado de Pasco. Sempre preocupado com a segurança dos colaboradores, ele acabou assumindo o cargo de superintendente de segurança e saúde ocupacional da mina em 2008.

Para Feijóo, a segurança é tão importante para a empresa quanto para as vidas dos colaboradores.

“O foco em segurança ajuda a minimizar perdas e demonstra o respeito aos nossos colaboradores”, diz. “É uma situação com benefício mútuo. Mais segurança garante também processos mais produtivos e eficientes.”

Cada atividade que Feijóo realiza é guiada pelo desejo de garantir que não aconteçam acidentes no local.

Em 31 de outubro de 2013, a equipe local da Sandvik na El Porvenir atingiu um importante marco: um ano sem acidentes, uma conquista louvável.

O crescente foco da Milpo em segurança é impulsionado por dois fatores. Em 2010, ela foi adquirida pela companhia brasileira Votorantim Metais, que introduziu processos ambientais, de saúde e de segurança (EHS) mais rigorosos, para alinhar as minas peruanas às normas internacionais. Ao mesmo tempo, o Peru passa por melhorias na mineração, com novas leis que obrigam as empresas a proporcionarem melhores condições de trabalho.

A atividade mineradora no Peru tem o desafio da infraestrutura e das rígidas leis ambientais. Depois que o governo peruano criou novas regulamentações, em 2001, o número de acidentes reduziu. No entanto, aqueles causados por erro humano ou procedimentos em não-conformidade mantiveram-se elevados, destacando a necessidade de melhores sistemas de gestão de segurança e saúde.

Muitos acidentes fatais do passado poderiam ser evitados se houvesse mais conscientização sobre as práticas de segurança. Em 1º de janeiro de 2011, o Peru implementou normas de saúde e segurança mais rigorosas para o setor de mineração, forçando as empresas a educar seus colaboradores sobre tais questões, visando a melhorar a imagem do país. Todas as mineradoras, e seus fornecedores, agora são obrigados por lei a terem comitê e programa internos de saúde e segurança para aumentar a conscientização entre suas equipes.

Segundo Feijóo, melhorar a segurança na El Porvenir significou começar a mudar as atitudes dos operadores do zero.

“Focamos nas pessoas e em mudar sua mentalidade”, explica. “Para realizar mudanças em longo prazo, você tem que convencer as pessoas de que o comportamento delas é o elemento mais importante do sistema EHS.”

Treinamentos para a liderança, compartilhamento das lições aprendidas com os acidentes, introdução de medidas de segurança para aumentar a conscientização, inspeções regulares e não programadas e gratificação pelo comportamento seguro tornaram-se parte do cotidiano da mina.

Os colaboradores são incentivados a ajudar a tornar a mina um local de trabalho mais seguro por meio da percepção e indicação de situações potencialmente perigosas. Os relatórios de riscos se tornaram norma e espera-se que os colaboradores relatem condições de risco e digam “não” a atividades perigosas, que podem envolver trabalho em local mal ventilado, em espaço apertado e em área de escavação com pouca iluminação ou utilizar um veículo ou ferramenta perigosa. O acidente é relatado e classificado em uma escala de 1 a 6 pela criticidade e age-se imediatamente.

O trabalho duro e focado está valendo a pena. O último acidente com perda de tempo registrado na mina ocorreu no início de 2012.

A Sandvik trabalha com a Milpo há 16 anos, oferecendo manutenção para seus equipamentos de mina e muitos outros veículos que operam no local.

Pablo Nangles, parceiro de Feijóo para questões de EHS na Sandvik, diz que o progresso em relação à segurança alcançado na El Porvenir é perceptível.

“Eles realmente aumentaram a cultura de segurança e estão investindo mais em sua equipe, segurança e treinamento”, afirma Nangles.

Muito do progresso da Milpo em melhorias de segurança é atribuído à implementação de novos processos internos e mudanças nas atitudes dos colaboradores. Porém, as melhorias não seriam possíveis sem a cooperação dos parceiros.

“Precisamos trabalhar com empresas que cuidam das pessoas e do meio ambiente”, conta Feijóo, apontando a Sandvik como um exemplo. “Compartilhamos valores – solidariedade, ética, respeito, empreendedorismo e união. Mas a coisa mais importante é todos irem para casa com saúde no fim do dia”.

Como a Milpo, a Sandvik tem uma política de segurança de tolerância zero no local. “Fazemos o Take 5 – uma rápida avaliação de risco para estimar os perigos no trabalho diário”, diz Nangles.

“De certa forma, a Sandvik tornou-se referência para os outros fornecedores”, conta Feijóo. “Eles cumprem e superam todas as nossas medidas de segurança.”

Texto: Alannah Eames/Foto: Marco Simola