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25% das mineradoras duplicaram seus investimentos em tecnologia desde 2010.

Transformação tecnológica

Com a redução do crescimento da indústria, as mineradoras estão abandonando seus modelos de negócio tradicionais e adotando novas tecnologias e formas de trabalhar.

Ipesquisa recente  da Accenture confirma o que já é de conhecimento geral: o setor de mineração aumentou seus investimentos em soluções digitais e automatizadas nos últimos anos. A empresa de consultoria prevê a continuidade desta tendência com as companhias investindo em novas tecnologias para melhorarem suas operações e manterem vantagens competitivas.

Os resultados estão aqui
A Accenture realizou a pesquisa com executivos de 40 empresas metalúrgicas e de mineração nos EUA e Canadá. Os resultados mostram claramente que, apesar da recessão econômica, 25% das mineradoras duplicaram seus investimentos em tecnologia desde 2010. Quase todas as empresas (93%) disseram estar satisfeitas com o retorno de seus investimentos digitais. Apenas 5% disseram que não aumentariam este tipo de investimento pelos próximos três anos. 90% dos entrevistados acreditam que aumentar a tecnologia em suas operações agrega valor e revoluciona seus negócios.

A maioria dos investimentos está em automação de equipamentos e na integração de softwares e equipamentos para melhorar a segurança e a vigilância. De acordo com a pesquisa, a próxima onda de investimentos será na integração dos vários sistemas utilizados na mina.

Jose J. Suarez, diretor geral para mineração da Accenture América do Norte, liderou a pesquisa. Ele também é responsável pelos principais projetos de mineração da Accenture no mundo. “Eu cresci no negócio de mineração”, conta. “Estou perto de britadores, moinhos e minas por toda a minha vida.”

Suarez estudou engenharia civil e mecânica, se tornou um oficial da Marinha dos EUA, e voltou às suas raízes na mineração. “Visitei muitas minas em todo o mundo ao longo da minha carreira, e sempre vi a tecnologia como uma forma de nos ajudar a tomar as melhores decisões”, afirma. “Estou muito animado com esta tendência de digitalização.”

Comentários da Sandvik: Riku Pulli, vice-presidente de automação de minas

Riku_Pulli“A Sandvik Mining é pioneira e promove a automação e digitalização da mineração há mais de 15 anos, por isso é fácil para mim concordar com as conclusões da pesquisa. Hoje, nossos clientes relatam benefícios significativos alcançados com os nossos produtos AutoMine: fim dos acidentes com afastamento, aumento significativo nos índices de utilização da frota, controle em tempo real e visibilidade do processo de mineração. Esses benefícios tornaram o ambiente de trabalho muito mais atraente e produziu mais toneladas com menores custos.

“Nossos produtos são continuamente desenvolvidos para serem mais inteligentes – tornando o trabalho dos operadores mais fácil e permitindo a perfeita integração e comunicação com o resto do processo de mineração. Isto proporciona aos nossos clientes uma plataforma sólida para aumentar tanto segurança quanto produtividade. Revolucionar a mineração, no entanto, começa com as pessoas.  Isso significa interagir de perto com os clientes e oferecer serviços inteligentes que lhes permitam projetar de forma otimizada seus processos de produção, oferecendo suporte durante todo o ciclo de vida da mina“.

 

A digitalização e automação da indústria de mineração não é um fenômeno novo, mas está ganhando velocidade. Suarez se refere a uma apresentação recente de Mark Cutifani, CEO do grupo de mineração Anglo American, que deu o que falar quando ele anunciou o que muitos pensam há anos: a mineração é lenta ao reagir aos novos desenvolvimentos tecnológicos se comparada com a indústria de petróleo e gás, por exemplo.

“A mineração faz as coisas da mesma maneira há meio século, mas precisamos avançar mais”, diz Suarez.

Devagar e sempre
As mineradoras estão abertas à mudança, segundo ele, mas a tecnologia deve ser implementada com um passo de cada vez.

“Você precisa de tempo e treinamento para fazer mudanças”, afirma. “Por exemplo, o uso de dispositivos móveis para diagnosticar a condição do equipamento é uma ideia fantástica, mas algumas pessoas vão se adaptar a esta tecnologia mais rápido do que outras. E, com a mineração se tornando mais técnica, os colaboradores devem ser treinados para se adaptarem às mudanças.”

Suarez acredita que, além das melhorias de custo e produtividade provenientes da automação e digitalização das operações de mineração, a segurança é uma preocupação central.

“A maioria das empresas que conheço tem enorme preocupação com a segurança, não pelo resultado, mas porque tem responsabilidade corporativa”, explica. “Elas querem contribuir para que as pessoas possam voltar para casa com segurança todas as noites.”

Há outro aspecto humano na necessidade de recorrer a soluções de automação e digitalizadas.

“A mineração tem uma força de trabalho envelhecida, e encontrar substitutos para quem se aposenta é um desafio”, diz Suarez. “Isso significa que a indústria precisa ver o que a automação pode fazer para otimizar os recursos humanos nas operações.”

Fenômeno global
Mesmo que a pesquisa seja focada nas empresas norte-americanas e canadenses, as tendências e resultados ilustram a indústria mundial como um todo.

“Por exemplo, as mineradoras da Austrália normalmente têm altos custos trabalhistas e dificuldades em encontrar pessoal qualificado, por isso precisam adotar a automação com muito mais urgência”, conta. “A motivação em outras regiões pode ser um pouco menor. No momento, acredito que as empresas dos EUA estão na vanguarda.”

Suarez afirma que a Accenture atualmente expande a pesquisa para outras regiões. Ele acredita que os avanços tecnológicos nas áreas de mineração são inevitáveis.

“Dentro de cinco a dez anos você verá minas sendo operadas remotamente com um nível muito mais elevado de desempenho de segurança”, afirma. “A disponibilidade de dados facilitará tomar decisões sobre quais minas priorizar. Os mercados terão ainda mais confiança no desempenho da indústria de mineração. Mas as empresas precisam adotar a tecnologia, mais cedo ou mais tarde. Se não o fizerem, correm o risco de serem extintas.”

Texto: Alannah Eames   Ilustração: Borg.nu