Rumo ao topo

Gai, Rússia.O aumento do preço do cobre, após as quedas no ano passado, tem permitido à segunda maior mineradora de cobre sulfetado da Rússia executar seus planos ambiciosos de modernização da produção. Com máquinas mais potentes, a empresa será líder no futuro.

A Gaiskiy Gorno-Obogatitelny Kombinat (Grupo de Mineração e Processamento Gaiskiy), subsidiária da UMMC (Ural Mining and Metallurgical Company), está situada a 280 quilômetros a leste de Oremburgo, na extremidade sul dos montes Urais, onde a estepe começa a dar lugar a suaves colinas.

Estamos a 752 metros de profundidade, quando um estrondo ecoa ao longe, dentro do labirinto subterrâneo.

Partículas de poeira dançam à luz da lanterna do capacete de um mineiro, que nos mostra o caminho a seguir através de uma caverna mal iluminada, onde reflexos brilham em poças de lama cinza-chumbo debaixo dos nossos pés.

“Muito superior à que tínhamos antes”

A perfuratriz hidráulica acionada eletricamente Solo 7-15, uma das quatro compradas da Sandvik em 2008, é uma máquina versátil, com um braço giratório de 360° que permite que a broca de 102 milímetros seja usada para perfuração vertical e horizontal.

Uma estação de operação para um único trabalhador, que pode ser instalada a uma distância convenientemente segura, simplifica a tarefa de perfurar a face da rocha para prepará-la para cargas de explosivos. Com 42 anos de idade, o operador de perfuratrizes hidráulicas Alexei Ryabanin trabalha há 21 na mineração de cobre.

“É mais fácil de usar que o equipamento anterior. Estou usando essa máquina há 18 meses e ela é muito superior à que tínhamos antes”, afirma Ryabanin.

Substituir as brocas ou os acumuladores de gás, usados como amortecedores para o sistema hidráulico a óleo, é uma tarefa rápida. Além disso, o treinamento fornecido no próprio local pela equipe da Sandvik ajudou a garantir uma rápida adoção das novas perfuratrizes pelos mineiros, diz Ryabanin.

Aqui, na segunda maior mina de cobre sulfetado da Rússia, estamos à procura dos veículos de transporte de cargas – as carregadeiras série LH da Sandvik, as perfuratrizes eletrohidráulicas DD310-40 (antigas Axera 5-140s) e a perfuratriz de produção DL410 (antiga Solo 7-15C).

Quanto mais avançamos nos túneis sinuosos, mais difícil se torna o percurso. Depois de uma rápida descida de três minutos dentro de uma caixa de ferro fundido, o pungente odor acre que era evidente nas proximidades do poço dá lugar a uma forte brisa. Faróis duplos penetram a escuridão à nossa frente e uma Sandvik LH410 (antiga Toro 007) aparece puxando uma carga de rocha cinza-esverdeada, com sua carroceria laranja que estampa marcas de anos de trabalho ininterrupto.

A máquina é conhecida pelos mineiros como PDM, ou “pogruzо dostavochnaya machina” (veículo de transporte de cargas). “É a locomotiva da mina”, diz Igor Yaroslavtsev, mecânico de 52 anos que trabalha dentro da mina há 16. Os veículos têm uma vida útil projetada de quatro anos, mas os mecânicos da mina são especialistas em mantê-los funcionando por muito mais tempo.

“São máquinas boas e maciças e, se nada importante quebrar depois dos primeiros quatro anos, elas aguentam mais quatro”, ensina Igor, abrindo um sorriso por baixo de seu bigode empoeirado.

Sua durabilidade, simplicidade e familiaridade, para os trabalhadores que as operam, são fatores que fazem das máquinas da Sandvik a primeira opção de equipamentos para perfuração subterrânea e carregamento na mina, que só perde para a siberiana Norilsk como produtor de cobre na Rússia.

“Não há nada que se compare com os equipamentos importados na mineração russa, e faz muito tempo que usamos os equipamentos da Sandvik, que são fortes e bem adaptados às condições da nossa mina”, salienta o diretor da Gaiskiy GOK, Aleksandr Saraskin.

áquinas de perfuração, carregamento e transporte utilizadas – 45 no total – e mais de 90% das máquinas pesadas, de mais de 10 toneladas.

Saraskin tem uma lista de compras de novos equipamentos de acordo com um esquema de modernização, no qual a proprietária da mina, a UMMC, planeja gastar 138 milhões de euros.

A Gaiskiy GOK foi fundada oficialmente em maio de 1959, junto com a cidade que leva seu nome, Gai, em uma região que até então era estepe virgem. É possível ter uma ideia de sua importância pelo fato de, na época da União Soviética, ter sido premiada com a Ordem de Lênin. Ainda hoje ela é conhecida como Gaiskiy GOK imeni Leninskogo Komsomola – “nomeada a partir da Liga de Jovens Comunistas Leninistas”.

O plano de modernização sofreu atrasos devido à crise econômica mundial. Entre 2007 e 2008, o preço do cobre caiu de US$ 7 mil por tonelada para US$ 2,8 mil, embora agora já esteja em torno de US$ 5 mil.

A Gaiskiy GOK, bem como o restante das 47 empresas da UMMC em 11 regiões russas, sentiu o impacto. A mina foi forçada a demitir cerca de 800 trabalhadores e seus planos de comprar equipamentos ficaram em suspenso.

Ainda assim, a mina passou a ter lucro em maio de 2009. Saraskin espera comprar novos equipamentos no ano que vem ou no seguinte, a fim de aumentar a produção de minério bruto para 8 milhões de toneladas por ano, a partir dos atuais 5,6 milhões.

Preços competitivos e parcerias de serviços criadas há vários anos terão um papel importante nas decisões de compra, diz Saraskin. Em uma mina com mais de 20 túneis horizontais que partem de um poço que desce a 1.360 metros até as reservas de minério bruto, aumentar a produção é uma questão de equilibrar o custo com a eficiência do equipamento.

Atualmente, a produção anual de metal puro da Gaiskiy GOK é de cerca de 79 mil toneladas de cobre (o concentrado contém uma média de 18,5% do metal) e de 6 mil toneladas de zinco, com ouro e prata sendo medidos em quilogramas.

Em meio século de existência, a Gaiskiy GOK já produziu mais de 4,2 milhões de toneladas de cobre, cerca de 2,2 milhões de toneladas de zinco e exatamente 287.469,44 quilos de ouro. Esses números ilustram a contribuição da Gaiskiy GOK para a forte posição da holding UMMC no mercado de metais.

A UMMC produz 40% do cobre catódico da Rússia, controla 25% do mercado nacional de produtos laminados não ferrosos e detém mais de 50% do mercado europeu de pó de cobre.

Ajudar a melhorar essa posição de mercado é o objetivo de Saraskin. “Temos a segunda reserva mais rica em minério de cobre da Rússia, com volumes suficientes para mais cem anos.

Mesmo se conseguirmos aumentar a produção com máquinas maiores e melhores e alcançar nossas novas metas, ainda teremos o suficiente para mais meio século em Gai”, indica.

Tecnologia é fundamental

Cinquenta anos atrás, o território hoje ocupado pela segunda maior mina de cobre sulfetado da Rússia era uma vasta extensão de estepe praticamente desabitada. Expedições geológicas na década de 1930 identificaram ricos depósitos de minério e, no final da década de 1950, exércitos de trabalhadores, inicialmente alojados em barracas de lona, começaram a abrir um poço profundo e a escavar duas enormes minas a céu aberto.

A cidade e a empresa foram fundadas em 9 de maio de 1959, dia em que a Rússia comemora o fim da Grande Guerra Patriótica (o termo russo para a 2.ª Guerra Mundial), em 1945. A produção anual total de minério bruto aumentou rapidamente de dezenas de milhares para milhões de toneladas, atingindo um pico nos anos 1970, com volumes de 5,9 milhões de toneladas. Hoje, as minas a céu aberto estão desativadas, mas constantes aprimoramentos nas técnicas de mineração têm novamente impulsionado a produção, que chegou a 5,6 milhões de toneladas no ano passado.

Importante empregador da cidade, a Gaiskiy GOK tem 6 mil funcionários, incluindo 2 mil mineiros. O volume de negócios em 2010, segundo seu diretorgeral, Aleksandr Saraskin, deve atingir 240 milhões de euros.

Dominar tecnologias de ponta é fundamental para melhorar o desempenho. A Gaiskiy GOK comprou 45 máquinas Sandvik nos últimos cinco anos e preparou um plano de modernização de 138 milhões de euros para reformar a unidade de processamento de concentrado, aumentar a produção anual para 8 milhões de toneladas de minério bruto e implementar outras melhorias. Isso significa que mais equipamentos modernos serão necessários em breve.